quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

SEXO BANAL
Allan Maykson

Você se apega às minhas fotos
e me chama para conversar
é a melhor pessoa do mundo
é com quem já quero me casar
e em pouco tempo, meio de minutos
na minha cama levei pra deitar
já me deitou, já me tirou a roupa
nem se moveu para vir me beijar.
Já escarrou o meu corpo suado
já começou lamber a minha nuca
e eu nem sei qual a cor dos teus olhos
eu reparei que nem me olhou direito.
É como se eu tivesse ido à rua
e apontasse para o primeiro.
Eu me deitei com minha alma nua
com meu corpo carente
com a minha solidão.
Mas depois me vomitou inteiro
depois de um passeio cheio de vazio.
Não teve abraço, mal teve despedida
eu fui homem da vida
deitado em meu colchão.
Depois de tudo fiquei pior ainda
e quis me sabotar achando que é normal. Doei minha carne, minha pele densa
e minha recompensa foi sexo banal.

11 de fevereiro de 2016

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

EU DE AGORA
Allan Maykson

Ainda ontem estava tudo bem
sorria para mim
e pra quem passava.
Mas hoje já mudou
o dia está assim
porque eu também estou.
As fotos da decoração
estão caindo ao chão
o vento lá de fora
traz as folhas que morreram
o sol alaranjado
ilumina o quadro esquecido
na parede da escada
do sótão que é meu quarto.
Minha calça pendurada
cogitam o abandono
por onde adormeço
e ainda pelo avesso...
É a minha indiferença
o meu vazio.
Agora tenho medo de escuro
qualquer barulho me assusta
tenho horas de insônia
não dá tempo para um sonho...
Espalhadas no meu quarto
as fotos da decoração
as folhas que morreram
se camuflam na escuridão...

10 de fevereiro de 2016